domingo, 22 de abril de 2012

COISAS A VER

LER:
F. Scott Fitzgerald: Great Gatsby, Tender is the Night 
Hemingway: The Old Man and the Sea


ASSISTIR:
Buñuel: The Exterminating Angel

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Arte Barroca e Pós-Renascimento - Artemisia Gentileschi

          Artemisia Gentileschi (1593 - 1653), foi uma das principais pintoras do pós-renascentismo que recebeu reconhecimento em meio à dominação masculina na arte da época. Foi a primeira mulher a pintar grandes obras de teor político e histórico num tempo onde artistas mulheres eram limitadas a pintar paisagens e retratos.
Madona com o Menino (1619)
          A mais velha de cinco filhos, sua mãe morre quando tinha apenas doze anos. Seu pai, Orazio Gentileschi, um talentoso pintor que dominava muito bem a arte de iluminação, reconheceu logo cedo o dom artístico de Artemisia. Muitas mulheres eram permitidas a assistir em estúdios de artistas famosos, que geralmente eram seus maridos ou pais, então Artemisia inicia sua carreira artística tutorada pelo pai. Com a idade de 16, já começa a demonstrar trabalhos de talento extraordinário, como sua obra "Madona com o menino", na qual ela captura uma intimidade da relação mãe e filho que dificilmente artistas homens conseguiram atingir. Como não é uma obra assinada, existem controvérsias sobre sua real autoria, já que a mesma conta com grande riqueza de detalhes e Artemisia possuía somente dezesseis anos na época. Contudo, tudo indica que realmente seja de sua autoria, já que tinha seu pai como tutor e seu quadro seguinte, "Susana e os anciãos", um ano mais velha e uma de suas obras mais famosas, possuía semelhante técnica. Seu estilo era fortemente influenciado pelo realismo dramático e chiaroscuro (técnica de iluminação) de Caravaggio e também pela paleta de cores de Michelangelo.
Susana e os Anciãos (1610)
          Mediante a impossibilidade de ingressar em academias de arte, continua a pintar sob a tutoria de um amigo e assistente de seu pai, Agostino Tassi. Este, por sua vez, prova-se um tutor inadequado bem como uma pessoa ruim. Ele a estupra, e, sob a condição de pedi-la em casamento, continua tendo relações sexuais com e por ela consentidas, e mais tarde desonra sua promessa. Orazio Gentileschi, após isso, inicia uma ação judicial contra Tassi, o que resulta num processo de sete humilhantes meses para Artemisia. Durante este, descobre-se que Tassi já havia sido acusado de estupro, e o casamento com sua esposa havia resultado da mesma situação. Tassi também era acusado de tentar roubar obras de alguns de seus empregadores. Artemisia teve de submeter-se a exames vaginais e tortura para acreditarem em sua denúncia e foi acusada de ter culpa pelo estupro por ter tido atitude imprópria e promíscua diante de Tassi. Isto predicou imensamente sua carreira artística. Tendo isto passado, Tassi foi considerado culpado e oferecido a opção de exilar-se de Roma por um ano ou quatro anos de trabalho forçado. Este optou por sair de Roma, mas voltou após quatro meses, provavelmente por ter influência em altos postos.
Judite Decapitando Holofernes
  (1612)
          O trauma do estupro e do processo afetou sua obra bruscamente. Com dezoito anos termina "Judite decapitando Holofernes", cena derivada de uma passagem bíblica. Inspira-se na versão de Caravaggio, "Judite e Holofernes", mas anima sua versão com realismo e destemidas protagonistas mulheres, o que cria um padrão em seu estilo, onde há quase sempre personagens femininas que representam papéis de heroínas. Judite era uma judia viúva de classe nobre que vivia em Betúlia, uma cidade sitiada pelo exército assírio. Em uma das noitadas do coronel Holofernes, ela se aproxima dele como emissária e o cativa com sua beleza. Logo depois, bêbado, vai dormir em sua tenda e ela a segue com uma criada, decapitando-o com sua espada. Após isso, os moradores da cidade expulsam o exército sem líder. Esta obra é considerada um retrato do desejo de vingança da própria autora.
          Após falecer, sua arte acaba sendo arrastada para a obscuridade, e seu tendo trabalho creditado diversas vezes a seu pai. De acordo com a historiadora de arte e autora do livro "Artemisia Gentileschi - A Imagem da Heroína da Arte Barroca Italiana" Mary D. Garrard, Artemisia "sofreu um abandono escolar que é impensável para uma artista de seu calibre". A artista possui um acervo de mais de trinta obras e sua primeira exposição foi realizada na cidade de Florença, em 1991.